Nas ultimas semanas estive pensando um pouco sobre a minha
vida. De uma maneira geral eu procuro evitar pensar nisso, ou me apegar a tudo
que não deu certo para mim. Vou tentar ser um pouco mais clara.
Sou uma mulher de 27 anos, que ainda não concluiu o ensino
superior, que tem um emprego medíocre (há e também faz um curso superior
medíocre), não tem uma vida independente, além de sérias dificuldades de
relacionamento. Quando coloco essas coisas no papel, eu penso: é isso mesmo?
Quando era criança, sempre pensei que nessa idade teria uma vida estável, mas
nada disso aconteceu. Em alguns momentos, gostaria de ser um pouco mais
independente e não digo financeiramente, mas gostaria de precisar menos da
minha mãe, por exemplo. Até porque minha existência sem minha mãe me parece o
fim de tudo. Gostaria de ser uma mulher mais amável e mais madura. Gosto de ter
personalidade e gosto do meu sarcasmo, somado ao humor negro. Mas, gostaria de
ser aquela pessoa doce, que todo mundo gosta. Sempre me aceitei muito como sou,
mas as vezes é difícil ser julgada todo tempo. Poucas pessoas estão de verdade
em meu coração e poucas posso dizer que amo. Minha família é composta de gente
que tenho desprezo. Busco então escolher amigos, pessoas que admiro para estar
a minha volta. Posso dizer que tenho uma amiga de infância, que vai se casar em
breve. Não tenho amigos da escola, acho que porque as relações eram superficiais.
Tenho bons colegas da faculdade, mas em relações superficiais que acabarão
junto com o curso em meados de2015. Trabalhei em uma empresa por 5 anos e lá,
acho que minha vida pessoal começou a mudar um pouco. Lá eu conheci pessoas
especiais, gente que me fez querer viajar e conhecer coisas novas. Saí de lá e
muitas dessas pessoas continuaram na minha vida. Comecei um novo ciclo em outra
empresa e para a minha surpresa, lá conheci a maior quantidade de gente
medíocre que poderia imaginar existirem. Mas, em meio a sujeira, também é
possível conhecer gente do bem. E lá posso dizer que fiz bons amigos, pessoas
que quero sempre por perto. Meus amigos pessoais, fora os que conheci em ambiente
de trabalho e que estão em minha vida há muitos anos tem certa dificuldade de
me entender. Tenho uma grande amiga há uns 8 anos e poxa, dois outros amigos
nessa faixa também. Mas sinto que para eles as vezes é difícil entender meu
hábito de gostar da solidão. Eu sempre gostei de ficar sozinha, comigo mesma.
Gosto de música, de ouvir ao mesmo tempo em que leio um bom livro. Troco muitas
coisas para estar na companhia de um livro. Muitas vezes é difícil para os meus
amigos entenderem que eu quero simplesmente ficar comigo mesma, por isso não
telefono, por isso não respondo e-mails ou mensagens, nem quero sair para um
bar, ou para dançar. Eu sou diferente da maioria e adoro pegar uma taça de
vinho, meu notbook e devanear com minhas palavras. As vezes eu penso que na
minha vida só preciso de música, livros e da minha mãe. Que nada mais me faria
falta. Só que aí, me lembro que estou no mundo real e que preciso me formar,
que preciso de um bom emprego, preciso estar na sociedade, preciso estar
antenada, informada e etc. Enquanto escrevo tudo o que sinto, meu celular não
para de apitar com milhares de mensagens do grupo de amigos que conheço há tantos
anos e que amo, mas que não estou com vontade de ficar contando piada, ou
falando de sexo. Eu quero apenas ficar comigo mesma e escrever o que sinto.
Gosto de estar com as pessoas. No trabalho, gosto de ter gente por perto, na
faculdade também e um dia, onde quero beber umas cervejas em um bar, também
quero ter para quem ligar. Mas, na maioria do tempo, eu quero apenas ficar
comigo mesma. Se eu pudesse, seria escritora, ficaria no meu mundo particular e
ainda ganharia dinheiro por isso. Acredito que o sonho que está dentro de nós
nunca precisa morrer. Eu busco ainda ser entendida. Meus amigos de longa data e
meus novos amigos são essenciais, mas a essência superior sou eu mesma e o fato
de me bastar constantemente.