Ondas
Cerca-me uma certa melancolia, um querer indecifrável. A minha volta ouço vozes, vejo luzes, mas esse mundo continua desconhecido. Pra onde quer que eu olhe é esse infinito que me envolve, forço meus olhos, mas não vejo o fim, só imensidão.
Um oceano que quer me afogar, por mais que eu nade, essas águas continuam a me derrubar, já não tenho forças pra nadar e deixo a água me levar.
Sou arrastada com tanta força e nem assim consigo sair desse pesadelo. E a cada noite e dia, novas ondas vêm pra me arrastar.
E a mesma melancolia volta junto com cada pesadelo, ou vida, ou o que quer que seja tudo isso que me atormenta e faz com que minhas noites sejam eternas, que minhas chuvas não passem, que as ondas não deixem de me arrastar a cada nova manhã que não vem.
Meus olhos se acostumaram a escuridão, meu corpo se acostumou a ser arrastado.
E aquelas luzes que um dia vi, não mais verei, pois irão ferir meus olhos e me cegar para sempre. E aquelas vozes que um dia ouvi, foram afastadas pelo silêncio que eu busquei, só ouço as ondas que me levam pro meu inferno particular.
Talvez sempre tenha sido cega e surda, meus olhos e ouvidos só captaram o que eu quis, o que me fez bem. Até o momento da onda de realidade me matar.
Bjinhos!